A proteção respiratória é uma das medidas universais de segurança e visa formar uma barreira de proteção ao trabalhador, a fim de reduzir a exposição da pele e das membranas mucosas a agentes de risco de quaisquer naturezas. É, portanto, um equipamento de proteção individua. A escolha do tipo de proteção respiratória a ser utilizada deve ser determinada por uma avaliação de risco criteriosa, devendo levar em consideração a natureza do risco, incluindo as propriedades físicas, deficiência de oxigênio, efeitos fisiológicos sobre o organismo, concentração do material de risco ou nível de radioatividade, limites de exposição estabelecidos para os materiais químicos, concentração no meio ambiente; o(s) agente(s) de risco; o tipo de atividade ou ensaio a ser executado; características e limitações de cada tipo de respirador; o nível mínimo de proteção do equipamento (veja tabela a seguir), além de considerar a localização da área de risco em relação às áreas onde haja maior ventilação. Esta decisão deve ser tomada pelo chefe, ou responsável pelo Laboratório ou Departamento. A legislação brasileira estabelece alguns critérios que devem ser observados pelo empregador, tais como: o estabelecimentos de procedimentos operacionais padrões específicos para a seleção e uso destes equipamentos, procedimentos emergenciais, treinamento do trabalhador/usuário, monitoramento ambiental periódico,dentre outros.
Fatores de proteção atribuídos |
| Tipo de cobertura das vias respiratórias |
Peça semifacial | Peça facial inteira | Capuz capacete | Sem vedação facial2 |
Purificador de ar | 10 | 100 | - | - |
Purificador de adução de ar -Máscara autônoma3 (demanda) -Linha de ar comprimido (demanda) |
10
10 |
100
100 |
-
- |
-
- |
Purificador de ar motorizado de adução de ar | 50 | 1.0004 | 1.000 | 25 |
Linha de ar comprimido -De demanda com pressão positiva -Fluxo contínuo |
50
50 |
1.000
1.000 |
-
1.000 |
-
25 |
Máscara autônoma (circuito aberto ou fechado) -De demanda com pressão positiva |
- |
5 |
- |
- |
1- Inclui a peça quarto facial, a peça semifacial filtrante e as peças semifaciais de elastômeros 2- tipo de cobertura das vias respiratórias projetada para proporcionar vedação parcial da face, não cobrindo o pescoço e os ombros, podendo ou não proporcionar proteção da cabeça contra impactos e penetrações.
3- máscara autônoma de demanda não deve ser usada para situações emergenciais, como por exemplo os incêndios.
4- os fatores de proteção apresentados são de respiradores com filtro P3 ou sorbentes (cartuchos químicos pequenos ou grandes). Com filtro P2, deve se usar o fator de proteção atribuído 100, devido às limitações do filtro.
5- em situações de emergência em que as concentrações dos contaminantes possam ser estimadas, deve-se usar um fator de proteção atribuído não maior que 10.000
Tipos de Respiradores
A) Associação Brasileiras de Normas Técnicas, ABNT, através da NBR n012.543, de 1999, agrupa os respiradores em dois tipos:
São aqueles que recebem o ar de uma fonte externa ao ambiente de trabalho. Exemplos: respiradores de ar natural, respiradores de linha de ar comprimido com cilindro auxiliar para fuga, respiradores de linha de ar comprimido, etc.
São aqueles que filtram o ar do ambiente com a ajuda de filtros específicos, removendo gases, vapores, aerossóis ou a combinação destes. Os filtros podem ser mecânicos, químicos ou uma combinação dos dois. Abaixo apresentamos uma tabela com as diversas classes e tipos de filtro químico:
Classes | Tipos | Concentração máxima – ppm2,3 | Tipo de peça facial compatível |
Filtro de baixa capacidade FBC-1 | Vapores orgânicos1 Gases ácidos1,3 | 50 50 | Semifacial filtrante, quarto facial e semifacial |
Filtro de baixa capacidade FBC-2 | Vapores orgânicos1 Cloro | 1.000 10 | Semifacial, facial inteira ou conjunto bocal (fuga) |
Filtro da Classe I: cartucho pequeno | Vapores orgânicos1 Amônia Metilamina Gases ácidos1,2 Ácido clorídrico Cloro | 1.000 300 100 1.000 50 10 | Quarto facial, semi facial inteira ou conjunto bocal (fuga) |
Filtro da Classe II: cartucho médio | Vapores orgânicos1 Amônia Metilamina1,2 Gases ácidos | 5.000 5.000 5.000 5.000 | Facial inteira |
Filtro da Classe III: cartucho grande | Vapores orgânicos1,2,3 Amônia Gases ácidos1,3 | 10.000 10.000 10.000 | Facial inteira |
Fonte: Fundacentro, 2002.
1não usar contra vapores orgânicos ou gases ácidos com fracas propriedades de alerta, ou que possam gerar alto calor de reaçàocom o conteúdo do cartucho
2a concentração máxima de uso não deve ser superior à concentração IPVS
3para alguns gases ácidos e vapores orgânicos, esta concentração máxima de uso é mais baixa
Os filtros mecânicos apresentam classificações variadas. As duas tabelas a seguir apresentam a classificação americana e a brasileira destes filtros:
Filtros Mecânicos – EUA – 42 CRF 84 |
Classes de filtro | Eficiência mínima de filtragem % (resistência a névoas oleosas) |
N | 95 | 99 | 100 |
R | 95 | 99 | 100 |
P | 95 | 99 | 100 |
Filtros Mecânicos – Brasil – ABNT/NBR - 13.697/98 |
Classes de filtro | Penetração máxima inicial do aerossol %>(resistência a névoas oleosas) |
Cloreto de sódio | Óleo de parafina** |
PFF*-1 | 20 | - |
PFF-2 | 6 | 2 |
PFF-3 | 3 | 1 |
* - PFF - peça facial filtrante
** - na Europa há adicionalmente o teste dcom óleo de parafina para P2 e P3, além de classificá-los somente para líquidos, sólidos e para sólido-líquido.
Podemos exemplificar o emprego dos filtros mecânicos apresentados:
* Classe P1 ou PFF-1
Manipulação de ácido crômico, açido pícrico, ácido sulfúrico, ácido fosfórico, estearatos, sódio e potássio, uréia, sílica, sais solúveis de ferro, hidróxidos de cálcio; Sem similar nos EUA
* Classe P2 ou PFF-2
Manipulação de fumos metálicos, óxido de ferro, fumos de parafina. Manipulação de quimioterápicos na forma de pó liofilizado.
Equivale a N95 -parâmetros de teste idênticos
* Classe P3 ou PFF-3
Manipulação de compostos inorgânicos de mercúrio, radionuclídeos. Manipulação de quimioterápicos na forma de pó liofilizado. Manipulação de agentes altamente patogênicos e para trabalhos de campo com manipulação de animais de captura.
Equivale às classes N99, N100, R99 e R100 - pequenas diferenças nos parâmetros de teste
Cuidados com os filtros:
- Obedecer o prazo de validade
- Anotar a data do início da utilização do filtro a fim de estabelecer a vida útil do mesmo
- Armazenar em áreas livres de contaminantes no ar, como vapores e gases, pois eles os captam, diminuindo a vida útil do mesmo,
- Observar a colocação correta dos filtros.
Referências Bibliográficas
Centers for Disease Control (CDC) Chemical Glove Guidelines. Acesso em: 20.02.04. Disponível em: http//www.orcbs.msu/
Kilby,J., Kinsler,J.M., Effective glove selection: Match the materials to hazards. American Laboratory, August 1989.
Torloni, M. Programa de proteção respiratória, seleção e uso de respiradores. São Paulo:Fundacentro, 2002.
Daniel Ferri
Reg. M.T.E. 24.842/SP